Injeção de mais de mil milhões de euros no sucessor do BES aprofundou buraco nas contas. Estado já recebeu mais de 500 milhões de euros em juros dos empréstimos.
O Fundo de Resolução (FR) chegou ao final de 2019 com recursos próprios negativos de 7020, 6 milhões de euros. O valor, revelado no relatório e contas da entidade, representa um agravamento de 906,6 milhões face ao registado no final de 2018.
A entidade liderada por Máximo dos Santos esclarece que entre os vários fatores que contribuíram para o agravamento do saldo de recursos próprios estão “os efeitos financeiros ainda decorrentes da aplicação de medidas de resolução, cujo valor global líquido ascendeu a -1040,9 milhões de euros”, para além dos “encargos relacionados com o financiamento do Fundo de Resolução, cujo valor global ascendeu a 119,4 milhões de euros”. No outro prato da balança, estão “as contribuições recebidas do setor bancário, cujo valor global ascendeu a 253,8 milhões de euros”.
No ano passado, o FR injetou 1149,3 milhões de euros no NB relativos a 2018 e para este ano a perspetiva é de agravamento: “perspetiva-se que o Fundo de Resolução vá ser chamado a desembolsar cerca de 1037 milhões de euros, nos termos do mecanismo de capitalização contingente, com referência às contas do Novo Banco relativas ao exercício de 2019. ”
Até ao final de 2019, o Fundo de Resolução, criado no processo que levou ao fim do BES, “já procedeu a pagamentos de juros no montante total de 620,5 milhões de euros, dos quais cerca de 530,4 milhões de euros foram pagos ao Estado e 90,1 milhões de euros foram pagos aos bancos”.